Se você tem Transtorno Obsessivo-Compulsivo, você já deve ter se perguntado “Por que eu tenho isso?”. A origem do TOC é multifatorial. Ou seja, não existe apenas uma única explicação, mas sim, alguns fatores que levam ao surgimento dos sintomas. 

Diversos pesquisadores ao redor do mundo tentam compreender as causas do TOC. Esse post busca explicar a origem do TOC por uma perspectiva multifatorial. Se entende, então, que existem bases genéticas, bases neurológicas e bases ambientais que explicam o surgimento do transtorno e a manutenção dos sintomas. Os fatores ambientais se referem às vivências que uma pessoa tem que pode fazer o TOC surgir. 

Fator genético

As evidências de uma explicação genética para o TOC são, em grande parte, ainda desconhecidas. O que se sabe, no entanto, é que existe uma prevalência maior do TOC entre familiares. Essa relação é quatro vezes maior do que na população em geral. Ou seja, existem quatro vezes mais chance de uma pessoa desenvolver o transtorno se houver algum familiar diagnosticado com TOC na família. Além disso, em gêmeos, a probabilidade de desenvolver TOC é de 68% em pares de monozigóticos e de 31% em pares dizigóticos. 

Os dados citados são do Manual de Terapia Cognitivo-Comportamental para o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, do psiquiatra Cordioli, que faz uma explicação didática sobre a origem do TOC e os estudos produzidos até o momento. Dessa maneira, é possível concluir que existem influências genéticas para o surgimento do TOC, apesar de que os determinantes genéticos não foram totalmente detectados pelas técnicas tradicionais. E ainda há muitos estudos em andamento nos centros de pesquisa ao redor do mundo. 

Fator neurológico

Com relação aos fatores neurológicos que estão relacionados com o TOC, a neurofisiologia e a neuroquímica cerebral agem para manter o transtorno. Assim, Cordioli (2014) coloca que existem fortes evidências no envolvimento da serotonina, da dopamina e do glutamato, que são três neurotransmissores muito importantes para a regulação do funcionamento cerebral. Além do mais, sintomas obsessivo-compulsivos podem surgir durante o uso de alguns medicamentos, como risperidona, clozapina, olanzapina, quetiapina, topiramato e interferon, bem como na retirada da metadona e durante o uso de ecstasy. Por isso, para ter o diagnóstico de TOC, é importante que você seja avaliado por um psicólogo ou psiquiatra capazes de fazer um diagnóstico de acordo com os critérios. 

Além disso, algumas doenças podem estar relacionadas ao surgimento dos sintomas de TOC. Alguns exemplos são doenças neurológicas que afetam em particular os chamados gânglios da base, apresentando com frequência sintomas obsessivo-compulsivos associados. Ademais, alguns estudos de imagem cerebral funcional indicam que os sintomas obsessivo-compulsivos estão associados a aumento do metabolismo nos circuitos que conectam o córtex orbitofrontal, o giro cíngulo anterior, o núcleo caudado ventromedial, o globo pálido e o núcleo medial dorsal do tálamo, o qual normaliza com a resposta ao tratamento. 

O transtorno de tique e o transtorno de Tourette são muito comuns em indivíduos com TOC. Além disso, existem evidências de que os indivíduos com TOC apresentam dificuldades em algumas funções neurocognitivas, como tomada de decisão, controle inibitório, flexibilidade mental e viés atencional. E apresentam uma menor confiança na sua própria memória. Essas dificuldades são trabalhadas durante o tratamento, ocorrendo a diminuição dos sintomas e um desenvolvimento de novas habilidades.

Fator ambiental: aprendizagem

O TOC é um transtorno aprendido. Ou seja, o paciente com TOC reforça o seu próprio comportamento e, a partir disso, passa a ter um funcionamento que foi aprendido a fazer daquela forma. Para compreender isso melhor, é importante você entender sobre o modelo cognitivo-comportamental do TOC.

Modelo Cognitivo-Comportamental do TOC

Modelo Cognitivo Comportamental do TOC
Modelo de funcionamento do TOC

Perceba, portanto, que o alívio constrói a ideia de que você precisa fazer a compulsão, evitação ou neutralização para lidar com a situação ativadora. Isso é o TOC como modelo aprendido, visto que um comportamento é reforçado ao ter o alívio. 

Crenças distorcidas do TOC

Além disso, é importante falar sobre a etapa da avaliação errada da situação dentro do modelo cognitivo-comportamental. Nessa parte do TOC, surgem as crenças distorcidas, sendo elas: responsabilidade e estimação de riscos; importância e controle dos pensamentos; perfeccionismo e intolerância à incerteza. 

Primeira crença

A primeira crença é a de responsabilidade e estimação de riscos é quando você aumenta a sua responsabilidade sobre algum acontecimento e/ou exagera nos riscos. Um exemplo é o medo de que algum familiar morra caso os objetos não estejam perfeitamente alinhados e ordenados. Ou seja, ocorre um aumento da responsabilidade por parte do paciente sobre algum acontecimento externo. Ao realizar o alinhamento dos objetos com o objetivo de evitar algum acidente ocorre, portanto, uma associação entre esses dois eventos. Isso é a aprendizagem no TOC. 

Segunda crença

A segunda crença diz sobre a ideia de que os nossos pensamentos podem controlar os eventos externos a nós. Esse sintoma do TOC se relaciona com as distorções cognitivas. Assim, ao ter um pensamento intrusivo relacionado à agressividade, você pode acreditar que esse pensamento irá influenciar para os seus comportamentos ou que, apenas por ter passado aquilo na sua mente, já é realidade. Mas isso é uma avaliação errada da situação, visto que os nossos pensamentos são apenas pensamentos, e não definem a realidade. 

Terceira crença

A terceira crença está voltada para o perfeccionismo e a intolerância à incerteza. Desse modo, surgem os sintomas de dúvida obsessiva e ruminação mental. Não lidar bem com a não certeza sobre algo e achar que você precisa sempre ter certeza de tudo causa emoções desconfortáveis, influenciando para os comportamentos compulsivos do TOC, como a verificação. Isso também está relacionado à crença de perfeccionismo. Em outras palavras, acreditar que precisa estar sempre certo sobre algo, ler todas as páginas várias vezes, ou fazer uma tarefa com muita perfeição se relaciona a crença de perfeccionismo. 

Perceba que as crenças distorcidas do TOC são formas de pensar sobre os acontecimentos que ajudam a manter os sintomas. Dessa forma, é importante trabalhar tanto na parte comportamental dos sintomas quanto na parte cognitiva (pensamentos e crenças) do TOC, visto que a maneira com que você está percebendo e pensando impacta na manutenção do transtorno. 

Para te ajudar no processo de tratar o TOC e melhorar a sua saúde mental, entre em contato comigo! Eu posso te ajudar a melhorar. 

Referências:

Cordioli, A. V. (2014). TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo. Artmed Editora.

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