O Que Fazer na Última Semana Antes do ENEM: Estratégias para Potencializar Seus Resultados

Chegou a última semana antes do ENEM, e com ela vem aquela mistura de emoções: ansiedade, expectativa e, muitas vezes, a dúvida sobre como usar esses últimos dias de maneira produtiva. Afinal, meses de preparação estão chegando ao fim, e essa semana final pode fazer toda a diferença no seu desempenho. Mas o que exatamente você deveria estar fazendo agora? Repassar a matéria? Relaxar? Revisar simulados?

Neste artigo, vamos explorar estratégias práticas e cientificamente embasadas para te ajudar a se preparar da melhor forma possível durante essa reta final, otimizando não só sua memória e raciocínio, mas também sua saúde mental.

1. Mantenha Revisões Curtas e Estratégicas

Nesta última semana, nada de tentar aprender novos conteúdos. Isso pode gerar ainda mais ansiedade e não contribuirá significativamente para sua performance. O foco agora deve estar na revisão estratégica dos conteúdos que você já estudou. De acordo com estudos em neurociência sobre aprendizagem e retenção, revisões curtas e frequentes de tópicos chave são mais eficazes do que longas sessões de estudo às vésperas de uma prova (Roediger & Butler, 2011).

Uma boa estratégia para esta semana é o uso da técnica de espaçamento (ou spaced repetition). Revise os assuntos mais importantes e aqueles em que você sente mais dificuldade, intercalando-os com períodos de descanso. Isso vai garantir que você esteja relembrando os pontos mais relevantes sem sobrecarregar seu cérebro.

Além disso, priorize as disciplinas que têm maior peso na sua pontuação ou aquelas nas quais você não se sente tão confiante. Estudos mostram que é importante ter uma visão clara de onde você precisa melhorar para que sua energia seja usada de forma eficiente (Brown et al., 2014).

2. Faça Simulados Curtos

Embora seja tentador evitar simulados nesta semana por medo de descobrir algum “buraco” no conhecimento, realizar testes curtos ainda pode ser uma boa estratégia. No entanto, o foco aqui não deve estar na quantidade de questões que você consegue resolver, mas na qualidade do seu tempo de resposta e na familiaridade com o ambiente da prova.

Simular o tempo da prova e resolver questões em um ambiente com seus ruídos característicos de uma prova ajuda seu cérebro a se adaptar à pressão do dia do ENEM. A neurociência mostra que o “treinamento de pressão” — que simula condições de estresse — pode aumentar a resistência ao estresse em situações reais, como provas de grande porte (Seery et al., 2010).

Se você sentir que simulados inteiros podem ser desgastantes agora, faça blocos de questões em vez disso. Por exemplo, resolva um conjunto de 10 a 20 questões de matemática em uma hora e, em seguida, descanse. O objetivo aqui é mais sobre treino de resistência e gerenciamento de tempo do que necessariamente acertar todas as questões.

 

3. Cuide da Sua Saúde Física e Mental

Não é novidade que o cuidado com a saúde física impacta diretamente no desempenho cognitivo. No entanto, muitos estudantes negligenciam essa parte na reta final dos estudos. A ciência nos mostra que a atividade física regular, como caminhadas leves ou exercícios aeróbicos, pode aumentar a circulação sanguínea no cérebro, melhorando a cognição e a memória (Ratey & Loehr, 2011).

Obs: se você está sedentário não é momento de começar um exercício físico, deixa isso para depois!

Portanto, use essa semana para cuidar também do corpo. Praticar exercícios leves, como yoga ou alongamentos, pode ajudar a reduzir os níveis de estresse e ansiedade. Além disso, manter uma rotina de sono adequada é essencial. O sono é um dos principais responsáveis pela consolidação da memória — ou seja, é durante o sono que seu cérebro processa e organiza as informações adquiridas ao longo do dia, transferindo-as para a memória de longo prazo (Diekelmann & Born, 2010).

Tente dormir de 7 a 9 horas por noite e evite alterar drasticamente sua rotina de sono nos dias próximos à prova. Uma boa noite de sono antes do ENEM pode ser tão importante quanto semanas de estudo intensivo.

 

4. Controle a Ansiedade com Técnicas de Respiração e Meditação

É natural que a ansiedade aumente à medida que o ENEM se aproxima, mas isso não precisa atrapalhar seu desempenho. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) oferece várias ferramentas eficazes para lidar com a ansiedade. Uma das mais simples e eficazes é a reestruturação cognitiva, que envolve identificar e modificar pensamentos automáticos negativos. Essa técnica pode ser útil na semana final para substituir pensamentos como “não vou conseguir” por crenças mais realistas e funcionais (Hofmann et al., 2012).

Além disso, técnicas de respiração profunda e meditação têm se mostrado eficazes na redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, ajudando a acalmar o corpo e a mente (Tang et al., 2015). Você pode dedicar 10 a 15 minutos do seu dia, durante essa semana, para meditar ou simplesmente praticar exercícios de respiração, como inspirar profundamente pelo nariz, segurar o ar por alguns segundos e expirar lentamente pela boca. Isso pode ser especialmente útil para momentos de tensão durante a prova.

5. Revise Redação: Estruture Ideias e Pratique a Escrita

O componente da redação no ENEM representa uma parte significativa da sua nota final, e essa última semana é perfeita para revisar suas habilidades de escrita. No entanto, em vez de tentar aprender novas técnicas de escrita, o foco agora deve estar na prática da estrutura de uma boa redação, mas isso não deve ser ensinado por mim, volte nos seus resumos para lembrar.

Estudos sobre a prática deliberada indicam que, para melhorar em uma habilidade, como a escrita, é importante receber feedback e refletir sobre seus erros (Ericsson et al., 1993). Se você ainda não fez isso, revise algumas redações antigas e identifique pontos que podem ser melhorados. Pessoalmente, eu praticaria escrever introduções e conclusões rápidas para temas possíveis do ENEM para me sentir mais confiante.

Tente também se familiarizar com os principais temas de redações dos anos anteriores e explore possíveis tópicos que possam surgir. Isso não só ajudará a estruturar suas ideias rapidamente no dia da prova, mas também reduzirá a ansiedade ao se deparar com o tema da redação.

 

6. Cuide da Alimentação e Hidrate-se

Olha, assim como exercício físico é interessante você manter o que você estava fazendo. Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes, pode influenciar diretamente no seu desempenho cognitivo (Gómez-Pinilla, 2008). Contudo, não posso te dizer o que comer por não ser um nutricionista e por saber que mudar um hábito agora pode ser um tiro no próprio pé. Mantenha o que está fazendo e depois que a maratona terminar ajuste sua alimentação!

Além disso, manter-se bem hidratado é essencial. A desidratação pode afetar negativamente o desempenho cognitivo, reduzindo sua capacidade de concentração e aumentando a fadiga. Portanto, certifique-se de beber bastante água ao longo da semana e, claro, no dia da prova também.

7. Planeje o Dia da Prova

Por fim, use essa semana para planejar os aspectos práticos do dia da prova. Certifique-se de saber o horário exato da sua prova e o tempo que você levará para chegar ao local. Planeje a roupa que vai usar, leve lanches leves e água, e separe todo o material necessário, como documento de identidade e canetas.

Ao planejar esses detalhes com antecedência, você evita surpresas de última hora e reduz significativamente o estresse no dia da prova.

Conclusão

A última semana antes do ENEM é crucial para consolidar o que você aprendeu ao longo do ano. Com uma revisão estratégica, simulados curtos, cuidados com o sono, alimentação e técnicas de relaxamento, você pode garantir que estará na sua melhor forma física e mental no dia da prova. Lembre-se de que essa semana é mais sobre organizar e otimizar o que já foi estudado do que tentar absorver novos conteúdos. Com as estratégias certas, você estará preparado para enfrentar o ENEM com confiança e tranquilidade.

Referências

  • Brown, P. C., Roediger, H. L., & McDaniel, M. A. (2014). Make it stick: The science of successful learning. Harvard University Press. Link para o artigo
  • Diekelmann, S., & Born, J. (2010). The role of sleep in memory consolidation. Nature Reviews Neuroscience. Link para o artigo
  • Ericsson, K. A., Krampe, R. T., & Tesch-Römer, C. (1993). The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance. Psychological Review. Link para o artigo
  • Gómez-Pinilla, F. (2008). Brain foods: The effects of nutrients on brain function and cognition. Nature Reviews Neuroscience. Link para o artigo
  • Hofmann, S. G., Asnaani, A., Vonk, I. J., Sawyer, A. T., & Fang, A. (2012). The efficacy of cognitive behavioral therapy: A review of meta-analyses. Cognitive Therapy and Research. Link para o artigo
  • Ratey, J. J., & Loehr, J. E. (2011). The positive impact of physical activity on cognition during adulthood: A review. Journal of Clinical Psychiatry. Link para o artigo
  • Roediger, H. L., & Butler, A. C. (2011). The critical role of retrieval practice in long-term retention. Trends in Cognitive Sciences. Link para o artigo
  • Seery, M. D., Holman, E. A., & Silver, R. C. (2010). Whatever does not kill us: Cumulative lifetime adversity, vulnerability, and resilience. Journal of Personality and Social Psychology. Link para o artigo
  • Tang, Y. Y., Holzel, B. K., & Posner, M. I. (2015). The neuroscience of mindfulness meditation. Nature Reviews Neuroscience. Link para o artigo

     

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