Por que as distorções cognitivas existem e como surgem?

As distorções cognitivas são padrões de pensamentos automáticos que distorcem a nossa percepção sobre a realidade. Essas distorções são responsáveis por muito sofrimento pessoal e por dificuldades de relacionamentos. Por isso, esse post te explica por que as distorções cognitivas existem, como elas surgem e, brevemente, como lidar com esse jeito de pensar que distorce a realidade para justificar algumas regras centrais do seu processamento cognitivo. 

Como funcionam as distorções cognitivas?

Inicialmente, é importante você entender o que são os esquemas. Os esquemas são um conjunto de crenças, padrões emocionais e cognitivos que constroem a forma com que o indivíduo enxerga o mundo e interpreta as situações. Ou seja, é um padrão na sua forma de pensamento e interpretação da realidade. Existem esquemas adaptativos, que são os padrões de pensamento e comportamento que nos ajudam a lidar de forma saudável ao passo que existem os esquemas desadaptativos, que são os padrões que atrapalham as nossas relações e prejudicam a nossa saúde mental. Ou seja, se uma pessoa tem o esquema de defectividade/vergonha, vai achar que tudo nela é um problema, que é inferior e sem valor, e passa a interpretar os acontecimentos, falas e ações dos outros com base na crença da inferioridade. 

Logo, distorcer a realidade servirá como uma forma de reforçar uma crença central e, por fim, manter o padrão de funcionamento do esquema ao qual ela pertence. Por exemplo, a distorção cognitiva de leitura de mente, em que se acredita saber o que os outros pensam, reforça a crença de que meus amigos acham que eu sou inadequado. Dessa maneira, ao mesmo tempo que o pensamento distorcido é um “sintoma” da crença central, ele também permite que você continue pensando no mesmo padrão. Assim, a distorção cognitiva influencia em quais emoções vamos sentir e quais comportamentos vamos ter, já que ela reforça a crença em vez de questioná-lo.

Preciso descobrir qual esquema eu tenho?

Você pode estar se perguntando: então como vou descobrir qual esquema eu tenho? Para descobrir isso, você precisa consultar com um psicólogo que entenda de Terapia Cognitivo-Comportamental.

Se você pensa “Eu sou um fracasso” ou  “preciso ser perfeito para ser aceito pelos outros”, então, você provavelmente está distorcendo a realidade para manter uma crença central. Claro, esses são apenas exemplos de esquemas comuns que vejo cotidianamente na clínica, existem muitos outros. 

Isso é o que a Terapia Cognitiva-Comportamental chama de pensamento disfuncional e padrão desadaptativo, visto que não é uma forma justa de pensar, traz sofrimento emocional e prejuízos para a saúde mental. Além disso, essas crenças interferem na autoestima e na habilidade de regular emoções como a raiva e a ansiedade. Ou seja, as distorções cognitivas são formas desadaptativas – não saudáveis – de ver o mundo.

Por que as distorções cognitivas existem?

Dito isso, entenda que as distorções cognitivas existem para:

  • Economia cognitiva: nosso cérebro quer diminuir a energia gasta para você criticar determinada situação. Portanto, ele usará padrões de pensamento criados no momento em que você enfrenta determinada ação com determinado pensamento e, naquele momento esse pensamento que era uma distorção da realidade foi útil. Desde então, você repete essa forma de pensar para outros contextos. Logo, se você catastrofiza, lê mentes ou adivinha o futuro saiba que em outro momento isso foi funcional e seu cérebro quer economizar energia atualmente te gerando pressuposições, te fazendo distorcer.

Portanto, as distorções cognitivas surgem como uma forma da sua mente lidar com as suas crenças. Ou seja, se você não identificar e criticar seus pensamentos automáticos você continuará distorcendo a realidade sobre você mesmo, sobre o que os outros acham de você e sobre situações cotidianas. A fim de entender isso melhor, procure ajuda de um psicólogo que atende pela linha da Terapia Cognitivo-Comportamental.

Como surgem as distorções cognitivas

Os padrões de pensamento dos esquemas se formam a partir das relações que temos com os outros na infância, construindo o nosso funcionamento emocional. Falando assim parece simples, mas é bem complexo. Entenda que os pensamentos distorcidos – distorções cognitivas – têm origem nos esquemas desadaptativos. Assim, quando adultos, seus esquemas são ativados por eventos que percebem como semelhantes às experiências que contribuíram para a formação do esquema. Desse modo, quando se ativa um desses esquemas, experimentam uma forte emoção negativa, como aflição, vergonha, medo ou raiva.

Os esquemas desadaptativos, conforme Jeffrey Young, o psicólogo que desenvolveu a Terapia do Esquema, se desenvolvem como resultado de experiências de infância negativas, e podem gerar problemas mentais, como os transtornos de personalidade, a depressão e a ansiedade. Assim, as distorções cognitivas surgem das vivências negativas repetidas com frequência durante a infância e a adolescência, sendo as crenças distorcidas reforçadas ao longo da vida. 

Como lidar com as distorções cognitivas

As distorções cognitivas alteram a forma com que você vê a si, aos outros e ao futuro. E para lidar com os padrões disfuncionais de pensamento, a terapia é altamente recomendada. Dessa forma, o paciente é ajudado pelo psicoterapeuta a perceber quando os pensamentos disfuncionais acontecem e de que forma ocorrem para te tornar consciente sobre as próprias mudanças cognitivas e comportamentais. 

Assim, entenda que para lidar com as distorções cognitivas, é importante aprender a identificá-las, a reconhecer quando estão presentes no seu estilo de pensamento e, então, combatê-las. Ou seja, lidar com pensamentos distorcidos é fazer uma reestruturação cognitiva sobre a realidade com base em um estilo mais racional e adequado de forma de ver o mundo. Para isso, a Terapia Cognitivo-Comportamental pode te ajudar. 

Referências:

Wright, J. H., Brown, G. K., Thase, M. E., & Basco, M. R. (2018). Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental-: Um Guia Ilustrado. Artmed Editora.

Leahy, R. L. (2018). Técnicas de Terapia Cognitiva-: Manual do Terapeuta. Artmed Editora.

da Silva, J. G., & Sebben, A. A. (2021). INFLUÊNCIA DAS DISTORÇÕES COGNITIVAS NO FUNCIONAMENTO COGNITIVO DO PACIENTE. Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc São Miguel do Oeste, 6, e28114-e28114.

Wainer, R., Paim, K., Erdos, R., Erdos, R., & Andriola, R. (2015). Terapia cognitiva focada em esquemas. Artmed Editora.

Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2009). Terapia do esquema: guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Artmed Editora.

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