Resumo:
Nesse texto falarei sobre o que acontece além da dor emocional de alguém que está pensando em suicídio, portanto, falarei de psicologia para ideação suicida. A ideação suicida é um sintoma grave de diversos transtornos mentais, incluindo depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de personalidade borderline, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo. Nesse artigo, discutimos como essas patologias mentais podem levar ao pensamento suicida, com base em evidências científicas.
Introdução:
A ideação suicida é definida como pensamentos ou fantasias sobre a própria morte ou suicídio. É uma manifestação da intenção ou desejo de se matar. A ideação suicida pode variar em intensidade, desde pensamentos passageiros e vagos sobre a morte até planos detalhados e persistentes para cometer suicídio.
Dentro da psicologia, duas categorias principais podem divididir a ideação suicida:
- Ideação Suicida Ativa: Principalmente, isso envolve pensamentos explícitos e diretos sobre o ato de se matar. Pode incluir planos específicos, métodos e considerações detalhadas sobre como realizar o suicídio.
- Ideação Suicida Passiva: Isso envolve pensamentos sobre a morte em geral, mas não necessariamente sobre cometer suicídio. Pode incluir desejos de não estar mais vivo ou sentimentos de que a vida não vale a pena. Embora menos direta, ainda é uma preocupação séria.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. Isso representa cerca de 800 mil mortes por ano. Como resultado, o Brasil é o país com a oitava maior taxa de suicídio entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
É um sintoma comum de diversos transtornos mentais, mas também pode ser encontrada em pessoas que não apresentam qualquer diagnóstico psiquiátrico.
Patologias Mentais e Ideação Suicida:
A depressão é o transtorno mental mais comumente associado à ideação suicida. Nesse sentido, estima-se que cerca de 70% das pessoas com depressão têm pensamentos suicidas em algum momento da vida.
A depressão é caracterizada por tristeza persistente, perda de interesse ou prazer nas atividades cotidianas, mudanças no apetite ou no peso, problemas de sono, fadiga, dificuldade de concentração e pensamentos negativos sobre si mesmo, o mundo e o futuro.
Outros transtornos mentais que também estão associados à ideação suicida incluem:
- Transtorno bipolar: o transtorno bipolar é caracterizado por episódios de mania e depressão. Os episódios maníacos são caracterizados por euforia, aumento da energia, impulsividade e comportamentos de risco. Os episódios depressivos são semelhantes aos sintomas da depressão.
- Esquizofrenia: a esquizofrenia é um transtorno grave que afeta o pensamento, o comportamento e as emoções. As pessoas com esquizofrenia podem ter alucinações, delírios, problemas de pensamento e julgamento, e dificuldade de se relacionar com os outros.
- Transtorno de personalidade borderline: o transtorno de personalidade borderline é caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade e comportamentos autodestrutivos. As pessoas com transtorno de personalidade borderline podem ter pensamentos suicidas em resposta a sentimentos de rejeição ou abandono.
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): o TEPT é um transtorno que ocorre após uma experiência traumática. Frequentemente, as pessoas com TEPT podem ter flashbacks, pesadelos, ansiedade e pensamentos sobre a experiência traumática.
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): o TOC é um transtorno caracterizado por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. As pessoas com TOC podem ter pensamentos obsessivos sobre a morte ou o suicídio.
Mecanismos Psicológicos da Ideação Suicida:
Os mecanismos psicológicos que levam à ideação suicida são complexos e ainda não são totalmente compreendidos. No entanto, os pesquisadores acreditam que uma combinação de fatores pode estar envolvida, incluindo:
- Fatores biológicos: alguns transtornos mentais, como a depressão, podem ser causados por alterações na química cerebral. Essas alterações podem levar a alterações no humor, na cognição e no comportamento, que podem aumentar o risco de ideação suicida.
- Fatores psicológicos: pessoas que têm um histórico de abuso ou negligência na infância, ou que sofreram traumas ou perdas significativas, são mais propensas a desenvolver ideação suicida. Além disso, pessoas com baixa autoestima, autoeficácia e apoio social também são mais propensas a pensar em suicídio.
- Fatores sociais: assim como os fatores anteriores, a discriminação, pobreza e acesso limitado a serviços de saúde mental, também podem aumentar o risco de ideação suicida.
Prevenção da Ideação Suicida:
A psicologia como prevenção da ideação suicida é importante para salvar vidas. Existem várias coisas que podem ser feitas para ajudar a prevenir a ideação suicida, incluindo:
- Educar as pessoas sobre os riscos da ideação suicida: é importante que as pessoas saibam que a ideação suicida é um sintoma sério que pode levar ao suicídio. É importante que as pessoas saibam que há ajuda disponível e que elas não precisam passar por isso sozinhas.
- Identificar pessoas em risco: é importante estar atento aos sinais de alerta de ideação suicida. Esses sinais podem incluir:
- Mudanças de humor ou comportamento
- Perda de interesse nas atividades cotidianas
- Mudanças no apetite ou no sono
- Isolamento social
- Falas sobre suicídio: a saber, fazer declarações como “Eu vou me matar”, “Eu gostaria de estar morto” ou “Eu gostaria de não ter nascido”.
- Alterações no humor: por exemplo, as pessoas com ideação suicida podem sentir-se deprimidas, ansiosas ou desesperadas.
- Perda de interesse nas atividades cotidianas que antes gostavam, como hobbies, trabalho ou escola.
- Pensamentos negativos sobre si mesmo, como acreditar que são um fardo para os outros ou que não merecem viver.
- Planos para o suicídio: as pessoas com ideação suicida podem começar a fazer planos para o suicídio, como escolher um método ou um local.
Tratamento da Ideação Suicida:
O tratamento com psicologia para a ideação suicida depende da causa subjacente. No entanto, existem várias terapias que podem ser eficazes, incluindo:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): é uma terapia que ajuda as pessoas a identificar e mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para a ideação suicida.
- Medicação: alguns medicamentos, como os antidepressivos, podem ser eficazes no tratamento da depressão e de outros transtornos mentais que estão associados à ideação suicida. Porém, claro, é imprescindível consultar um psiquiatra.
- Hospitalização: em alguns casos, é necessário hospitalizar pessoas com ideação suicida para garantir sua segurança.
É importante lembrar que a ideação suicida é um sintoma sério, mas não é o fim do mundo. Com o tratamento adequado, a maioria das pessoas que têm pensamentos suicidas pode se recuperar e ter uma vida plena.
Se você está pensando em suicídio, procure ajuda imediatamente. Existem pessoas que se preocupam com você e querem ajudar. Você não está sozinho.
Aqui estão alguns recursos que podem ajudar:
- Centro de Valorização da Vida (CVV): o CVV é uma organização sem fins lucrativos que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio 24 horas por dia, 7 dias por semana. O número do CVV é 188.
- Linha de Acolhimento do SUS: a Linha de Acolhimento do SUS é um serviço gratuito que oferece apoio emocional e orientação sobre saúde mental. O número da Linha de Acolhimento é 132.
- Site do Ministério da Saúde: o site do Ministério da Saúde oferece informações sobre saúde mental e prevenção do suicídio. O endereço do site é https://saude.gov.br/.
Se você conhece alguém que está pensando em suicídio, não hesite em falar com ela. Dessa forma, você pode fazer a diferença.
Referências:
- American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.
- Linehan, M. M. (2017). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. Artmed Editora.
- Botega, N. J. (2022). Crise suicida: avaliação e manejo. Artmed Editora.