TOC e a Crença no Aumento do Risco e do Dano: Entenda Como Esse Mecanismo Funciona

Como funciona a crença de aumento do risco e do dano no TOC? Uma das engrenagens centrais que mantêm o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) funcionando é uma crença distorcida: a de que qualquer descuido pode gerar um dano grave e que o risco está sempre maior do que realmente está. Essa crença é chamada de superavaliação de ameaça ou crença de aumento do risco e do dano. Neste texto, vamos explicar de forma simples o que isso significa, como ela aparece nos diferentes tipos de TOC e por que ela intensifica o sofrimento.

O que é a crença de aumento do risco e do dano?

Trata-se de uma distorção cognitiva em que o cérebro superestima a probabilidade de que algo ruim aconteça, e também as consequências caso isso ocorra. É como se a mente dissesse: “Se eu não fizer isso agora, algo terrível vai acontecer — e vai ser minha culpa”.

Essa forma de pensar não é racional, mas emocional. Mesmo que a pessoa saiba, intelectualmente, que o risco é mínimo, ela sente como se fosse 100% certo que o pior cenário vai acontecer.

Exemplos gerais no TOC

– Uma pessoa com TOC de verificação sente que, se não checar o gás 10 vezes, a casa vai explodir — mesmo sabendo que ele está desligado.

– Uma pessoa com TOC de contaminação acredita que, se encostar em uma maçaneta suja, pode morrer ou contaminar toda a família.

– Alguém com pensamentos intrusivos violentos acredita que, se não controlar a mente, pode acabar agredindo alguém, mesmo sem nenhuma vontade de fazer isso.

– No TOC religioso, a pessoa acredita que se não repetir uma oração corretamente, ou Deus poderá puni-la ou algo ruim acontecerá com sua família.

Como essa crença se forma?

Geralmente, ela se forma por experiências passadas, estilos de pensamento aprendidos na infância ou temperamento ansioso. O cérebro da pessoa com TOC tem dificuldade de lidar com incertezas e dúvidas, então ele exagera o risco como uma forma de garantir controle. Isso ativa um “modo de emergência” constante, como se estivesse sempre prestes a ocorrer uma catástrofe.

O papel das compulsões

Para aliviar a ansiedade causada por essa superavaliação de risco, a pessoa realiza compulsões: checar, limpar, rezar, repetir frases, evitar situações etc. Essas ações têm o objetivo de impedir que o pior aconteça. Mas, na prática, elas reforçam ainda mais a ideia de que o risco existe e precisa ser neutralizado, criando um ciclo sem fim.

Exemplos específicos de crença no aumento do dano por subtipo de TOC

1: TOC de contaminação: “Se eu não lavar as mãos agora, posso contaminar meus filhos e eles vão adoecer gravemente.”

2: TOC de verificação: “Se eu não revisar o e-mail 15 vezes, posso cometer um erro e perder meu emprego.”

3: TOC de simetria: “Se eu não alinhar os objetos, algo horrível pode acontecer com alguém que amo.”

4: TOC com pensamentos sexuais ou agressivos: “Se eu não controlar meus pensamentos, posso me transformar em uma pessoa perigosa.”

5: TOC religioso: “Se eu não rezar exatamente certo, Deus pode me castigar com uma tragédia.”

Como a terapia ajuda a modificar essa crença

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) trabalha justamente com essas crenças distorcidas. O objetivo não é convencer com lógica, mas sim ajudar o paciente a experimentar a realidade sem realizar compulsões.

Com o tempo, o cérebro aprende que:

– Nem tudo precisa ser 100% seguro para que possamos viver bem;

– Dúvidas são normais e toleráveis;

– O risco real é muito menor do que o imaginado pelo TOC.

Exposição e Prevenção de Resposta (ERP)

Essa técnica envolve se expor à situação temida (ex: encostar numa superfície “suja”) e não realizar a compulsão (ex: lavar as mãos). Isso ensina o cérebro a não reagir de forma exagerada ao risco e portanto, reduz a ansiedade ao longo do tempo.

Conclusão

A crença de que “algo terrível vai acontecer se eu não fizer algo agora” é uma armadilha clássica do TOC. Entender esse mecanismo é o primeiro passo para desativar o ciclo de medo, compulsão e alívio temporário. Com o tratamento certo, é possível treinar o cérebro a enxergar o risco de forma mais realista e recuperar a liberdade de viver sem tantas amarras mentais.

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