Mitos Comuns sobre o Suicídio: Separando Fatos da Ficção

Resumo:

O suicídio é um tema complexo e delicado que afeta inúmeras vidas em todo o mundo. Muitas vezes, a falta de compreensão leva à perpetuação de mitos prejudiciais sobre o suicídio. Neste artigo, mergulharemos nos mitos comuns sobre o suicídio e contrastaremos questão crítica com a evidência científica atual.

Introdução:

A ideação suicida é definida como pensamentos ou fantasias sobre a própria morte ou suicídio. É uma manifestação da intenção ou desejo de se matar. A ideação suicida pode variar em intensidade, desde pensamentos passageiros e vagos sobre a morte até planos detalhados e persistentes para cometer suicídio.

Mito 1: Falar sobre suicídio pode induzir alguém a cometer o ato.

Este mito é profundamente arraigado na cultura, mas a pesquisa nos diz o contrário. De acordo com um artigo publicado no JAMA Psychiatry em 2019 (Franklin et al., 2019), discutir abertamente o suicídio não induz pensamentos suicidas, mas, na verdade, pode aliviar o sofrimento emocional e encorajar pessoas a buscar ajuda. O livro “Crise Suicida” de Neury Bottega enfatiza a importância de criar um ambiente seguro para discussões abertas sobre o tema.

Mito 2: A maioria das tentativas de suicídio são apenas atenção ou manipulação.

Isso é um equívoco perigoso. Pesquisas como o estudo publicado na revista The Lancet Psychiatry em 2018 (Carroll et al., 2018) destacam que as tentativas de suicídio são um indicador sério de sofrimento mental. Ignorar ou minimizar essas tentativas pode piorar a situação. Quem fala sobre suicídio está de fato pensando e não é válido arriscar interpretar uma ideação como uma tentativa de manipulação, vai que você esteja errado.

Mito 3: A maioria dos suicídios ocorre de forma impulsiva.

Embora algumas tragédias ocorram de forma impulsiva, muitos suicídios são precedidos por sinais de alerta. De acordo com um estudo do Journal of Clinical Psychiatry de 2020 (Gvion & Apter, 2020), muitos indivíduos que tiram suas próprias vidas fornecem indícios claros de sua intenção antes de agirem. Identificar esses sinais precocemente pode ser fundamental para a prevenção. O problema é que muitas vezes não estamos preparados para perceber esses sinais, já que não fomos educados para lidar com desregulação emocional ou qualquer outra mudança psicológica.

Mito 4: Apenas pessoas com doença mental cometem suicídio.

Embora a saúde mental seja um fator de risco significativo, não é o único. Um estudo de revisão publicado no World Journal of Psychiatry em 2016 (Zalsman et al., 2016) destaca que fatores socioeconômicos, histórico de trauma e eventos estressantes da vida também desempenham um papel importante. De fato, na crise de 1929 vários empresários se jogaram do alto de arranha-céus por perderem todas as economias.

Mito 5: Pessoas que falam sobre suicídio só querem chamar a atenção.

Este mito subestima a angústia emocional que leva alguém a falar sobre suicídio. Um estudo de 2017 publicado no Journal of Affective Disorders (Sheftall et al., 2017) enfatiza que muitas pessoas que verbalizam seus sentimentos suicidas estão buscando ajuda genuína. Portanto, quem fala sobre suicídio realmente está chamando atenção, mas não dessa forma pejorativa que você acredita, mas chamava atenção para algo que está errado na sua vida.

Mito 6: Suicídio é sempre resultado de uma longa depressão.

Embora a depressão seja um fator de risco importante, nem todos os casos de suicídio são precedidos por uma longa batalha com a depressão. Um estudo de 2019 publicado no Journal of Affective Disorders (Pompili et al., 2019) mostra que o suicídio pode resultar de uma variedade de fatores, incluindo desespero repentino e impulsividade. Enfim, nem sempre a depressão é a culpada. Por vezes, outras patologias são as possíveis causas, além de fatores socio econômicos.

Mito 7: Uma vez que alguém tenta suicídio e falha, não tentará novamente.

Infelizmente, isso não é verdade. De acordo com um artigo publicado em 2020 na revista JAMA Network Open (Olfson et al., 2020), aqueles que sobrevivem a uma tentativa de suicídio ainda estão em alto risco de futuras tentativas. Um dos fatores de risco para um suicídio é ter tido tentativas, logo, novas tentativas podem ser bem definitivas.

Mito 8: O suicídio é uma escolha egoísta.

Este mito é fruto de ignorância. Acima de tudo, o suicídio é resultado de uma profunda dor emocional e sofrimento mental. É importante lembrar que as pessoas que consideram o suicídio geralmente estão em um estado de desespero avassalador, onde a perspectiva de alívio da dor emocional é a única coisa que enxergam. Quando você está enfrentando uma doença orgânica, quando dói, você lembra de agradar os outros ou fazer o que eles querem em detrimento do seu repouso?

Mito 9: A prevenção do suicídio é responsabilidade apenas dos profissionais de saúde mental.

Embora os profissionais de saúde mental desempenhem um papel fundamental, a prevenção do suicídio é uma responsabilidade compartilhada. A sociedade como um todo, incluindo amigos, familiares e comunidades, pode desempenhar um papel importante na detecção de sinais de alerta e no apoio a quem precisa. Então, como amigos e familiares podemos ajudar quem está ao nosso redor, seja detectando os sinais ou tendo uma conversa aberta sobre ideação suicida.

Conclusão

A separação de fatos de ficção é essencial quando se trata de prevenção do suicídio. De fato, mitos prejudiciais podem levar a mal-entendidos e à falta de apoio necessário. Em conclusão, é vital reconhecer que o suicídio é um problema complexo, e a compreensão baseada em evidências é fundamental para oferecer o apoio necessário àqueles que lutam com esses desafios.

Lembrando sempre que se você ou alguém que você conhece está enfrentando pensamentos suicidas, é fundamental buscar ajuda de profissionais de saúde mental e recursos de prevenção ao suicídio imediatamente. A prevenção é possível, e o apoio faz toda a diferença.

Referências:

  • Carroll, R., Metcalfe, C., & Gunnell, D. (2018). Hospital presenting self-harm and risk of fatal and non-fatal repetition: systematic review and meta-analysis. The Lancet Psychiatry, 5(4), 293-306.
  • Franklin, J. C., Ribeiro, J. D., Fox, K. R., Bentley, K. H., Kleiman, E. M., Huang, X., … & Nock, M. K. (2019). Risk factors for suicidal thoughts and behaviors: A meta-analysis of 50 years of research. Psychological Bulletin, 145(1), 18-129.
  • Gvion, Y., & Apter, A. (2020). Aggression, impulsivity, and suicide behavior: A review of the literature. Archives of Suicide Research, 24(2), 181-203.
  • Olfson, M., Wall, M., Wang, S., Crystal, S., & Blanco, C. (2020). Suicide following deliberate self-harm. JAMA Network Open, 3(7), e2012153.
  • Pompili, M., Innamorati, M., Forte, A., Longo, L., Mazzetta, C., Erbuto, D., … & Girardi, P. (2019). Insomnia as a predictor of high-lethality suicide attempts. International Journal of Clinical Practice, 73(10), e13337.
  • Sheftall, A. H., Schoppe-Sullivan, S., & Bridge, J. A. (2017). Reasons for living in the prediction of nonsuicidal self-injury and suicide ideation in at-risk young adults. Suicide and Life-Threatening Behavior, 47(4), 462-471.
  • Zalsman, G., Hawton, K., Wasserman, D., van Heeringen, K., Arensman, E., Balazs, J., … & Balint, L. (2016). Suicide prevention strategies revisited: 10-year systematic review. The Lancet Psychiatry, 3(7), 646-659.

Aqui estão alguns recursos que podem ajudar:

Se você conhece alguém que está pensando em suicídio, não hesite em falar com ela. Dessa forma, você pode fazer a diferença.

Mitos comuns sobre o suicídio

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