O quanto você é responsável pelas emoções dos outros? Essa é uma pergunta que geralmente aparece em consultório quando algum paciente meu se sentiu ofendido por algo que um familiar ou amigo disse. Aí vêm aquelas frases famosas, como:
- Olha o que fulano fez comigo!
- Estou assim por culpa do que ele me disse
- Nossa, dei um feedback e a pessoa exagerou.
- Ah, não sabe se controlar!
- Não aceita críticas.
Percebe como é complicado dos dois lados, tanto a parte de quem comunica quanto a parte de quem escuta. Enfim, estamos mexendo com dois conjuntos de habilidade nesse tema: regulação emocional e efetividade interpessoal. Logo, isso vai ser mais complexo, mas não menos importante.
Temos alguma responsabilidade sobre o que outro sente, pois o nosso comportamento influencia a resposta emocional do outro. Se eu começar a gritar com você é possível que você se ative de tal forma e não perceba que eu estava somente perguntando que hora são. Portanto, a nossa habilidade de comunicação influenciará nas emoções dos outros.
Já ouviu falar da regra: gentileza em primeiro lugar? Por pior que seja o conteúdo do feedback que você tenha que dar para alguém isso pode ser feito de forma gentil, digna e sem criar uma consequência aversiva para quem escuta. Dentro da Terapia Comportamental Dialética (DBT) existe um módulo de habilidades para se fazer entender sem grandes prejuízos emocionais. Uma das habilidades que ensino para todos meus pacientes é o DEAR MAN, um acrônimo para te recordar de alguns passos para falar algo sem ofender.
Antes de você continuar lendo responda: o quanto você é responsável pelas emoções dos outros?
Um porém
A probabilidade de você criar um novo problema ao comunicar de forma assertiva é bem baixa. Contudo, ainda tem chance da pessoa se ativar emocionalmente por alguns motivos, são eles:
- Vulnerabilidades: naquele dia específico a pessoa estava em privação de sono e por isso estava naturalmente mais irritada. Ou, talvez naquele dia outras situações aconteceram previamente a conversa que você teve com ele(a) e isso já havia gerado uma tristeza que foi acentuada por essa nova conversa. Enfim, existem muitas possibilidades para descrever uma vulnerabilidade.
- Intolerância condicionada: algumas pessoas nunca receberam feedbacks e foram condicionadas a se comportar de determinada maneira quando criticadas. Esse é um caso mais difícil e que vai requer um nível ninja de assertividade, falamos sobre isso em outro post.
- Falta de repertório: essa é uma situação muito similar a anterior com um pequeno, porém, a pessoa nunca foi ensinada a fazer de outra forma. Então, se torna muito mais difícil usar alguma ferramenta de assertividade que ele(a) nem faz ideia que existe.
- Questões biológicas: não é incomum que naquele dia em que a pessoa se ativou emocionalmente (por exemplo, crise de choro ou raiva) ele(a) estava com alguma questão biológica, como uma dor de cabeça ou outras dores. Aqui nesse item entram as desregulações hormonais mais intensas.
- Reforçamento de situações como essa: algumas pessoas entram em estados emocionais hiperativados por terem uma consequência reforçadora quando o fazem. Ou seja, quando eu grito e me descontrolo todos fazem o que eu quero ou colocam panos quentes, como por exemplo.
Tratamento
Voltando ao tema norteador: o quanto você é responsável pelas emoções dos outros? A responsabilidade é dividida em quem comunica e quem escuta, pois cada um tem suas particularidades. Portanto, são dois tipos de tratamento e que acabam se cruzando.
🔶 Para quem comunica:
O primeiro é para quem comunica saber como fazer de forma que o despertar de gatilhos seja menos provável. Logo, trabalhamos com comunicação não violenta além de reconhecer padrões comportamentais que dependem de um contexto para serem efetivos. Portanto, é uma terapia baseada em interpretação de situações e ensaios para que em novas oportunidades técnicas sejam utilizadas para um melhor desempenho.
🔷 Para quem escuta:
Como eu mencionei anteriormente a terapia para uma desregulação emocional complexa é a DBT e nela temos alguns módulos terapêuticos. Entre eles a parte de regulação emocional que é fundamental para conseguir se relacionar com seus pares de forma adequada. Claro, essa é uma terapia mais complexa por que envolve outras metas tão importantes quanto conseguir tirar o melhor de um feedback negativo.
Resumo
O quanto você é responsável pelas emoções dos outros? Parcialmente, pois a forma que você comunica pode ativar alguns gatilhos emocionais e você poderia fazer isso com mais gentileza. Isso não exime quem escuta de investigar o motivo da sua ativação emocional momento a momento para compreender as razões que levaram a uma desregulação mais intensa. Por fim, existe tratamento para os dois, quem comunica e quem escuta, ambos tratamentos bem práticos.
Saiba mais
Se você quiser saber mais sobre terapia online comigo não deixa de me enviar um whatsapp para eu te passar os detalhes de como funciona a terapia online.
Ah, se você me procurar no YouTube e no Instagram vai perceber que eu tenho muito conteúdo sobre assertividade e regulação emocional que podem te ajudar a superar algumas dificuldades nos seus relacionamentos.
Para terminar, me ajuda ao compartilhar esse post nas suas mídias sociais e marcar @psicoavila para que eu possa te agradecer. Imagina quantas pessoas se beneficiariam dessas informações.
Referência: Linehan, M. M. (2018). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o terapeuta. Artmed Editora.