Familiar de Alguém Que Vai Fazer o ENEM? Saiba o Que Fazer e o Que Não Fazer para Ajudar!

Se você tem um familiar que vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), certamente já percebeu o quanto esse período pode ser estressante para ele. O ENEM é uma das provas mais importantes da vida acadêmica de muitos estudantes brasileiros, sendo o principal meio de acesso ao ensino superior no país. E, como familiar, você desempenha um papel fundamental nesse momento de preparação e durante os dias que antecedem o exame.

A questão é: como ajudar de forma eficaz e evitar atitudes que podem, mesmo sem intenção, aumentar a pressão sobre o estudante? Neste artigo, vamos abordar o que você pode fazer para apoiar seu familiar da melhor maneira possível e destacar atitudes que você deve evitar para não prejudicar o desempenho dele.

1. O Papel do Apoio Familiar no Sucesso Acadêmico

Antes de explorarmos o que fazer e o que evitar, é importante entender por que o apoio familiar é tão essencial nesse período. Pesquisas mostram que o suporte emocional dos familiares pode ter um impacto significativo na redução do estresse dos estudantes e, consequentemente, melhorar o desempenho deles em exames de alto impacto, como o ENEM. Um estudo conduzido por Shaver e Hunter (2013) revelou que estudantes que sentem apoio emocional em casa tendem a ter níveis mais baixos de ansiedade, o que pode melhorar o foco e a confiança durante a prova (Shaver & Hunter, 2013).

Por outro lado, quando a pressão familiar é muito alta, o efeito pode ser oposto. A ansiedade pode aumentar e levar ao “branco” durante a prova, ou até mesmo a sintomas físicos como dores de cabeça e mal-estar, prejudicando o desempenho do estudante (Vogel et al., 2016). Por isso, saber como agir é crucial para garantir que o seu familiar se sinta apoiado de forma adequada.

2. O Que Fazer: Apoiando de Forma Eficaz

2.1. Esteja Disponível para Ouvir

Uma das formas mais simples e eficazes de oferecer apoio é estar presente para ouvir. Muitas vezes, os estudantes se sentem sobrecarregados, ansiosos ou até mesmo inseguros em relação à prova. Permita que seu familiar expresse esses sentimentos sem julgá-los. Às vezes, eles só precisam de alguém para desabafar, e ouvir sem fazer críticas ou comparações é essencial.

Pratique a escuta ativa: faça perguntas que demonstrem interesse, mas sem pressioná-lo para que forneça mais informações do que ele se sente confortável em compartilhar. Isso ajuda a reduzir o estresse e aumenta a confiança do estudante em lidar com seus sentimentos. Lembre, esse momento é sobre o estudante, não sobre você. Escute com atenção o que ele(a) sente e se quiser fazer algo questione de todo coração: o que eu posso fazer para te ajudar nesse momento?

2.2. Ajude a Criar um Ambiente Calmo e Organizado

Nos dias que antecedem o ENEM, o ambiente em casa pode influenciar diretamente a forma como o estudante se sente. Um espaço organizado, silencioso e livre de distrações é ideal para revisar o conteúdo e descansar a mente. Se possível, ajude a criar um espaço tranquilo para os estudos, onde ele possa se concentrar sem interrupções.

Além disso, evite discussões e conflitos familiares, especialmente na semana da prova. Conflitos em casa podem aumentar o nível de estresse, prejudicando a preparação e a confiança do estudante. Uma atmosfera de paz e apoio é fundamental para que ele mantenha o foco e o equilíbrio emocional. Portanto, não é uma boa ideia você discutir os custos do cursinho com sua parceria amorosa nesse momento e em um volume alto o suficiente para ser escutado pelo seu concurseiro favorito.

2.3. Incentive Pausas e Momentos de Relaxamento

Um erro comum entre estudantes prestes a realizar o ENEM é passar horas a fio estudando sem pausas adequadas. Embora o esforço seja admirável, esse comportamento pode levar à fadiga mental e física, o que prejudica o aprendizado e o desempenho na prova. Estudos mostram que pausas regulares são importantes para consolidar a memória e manter a concentração em níveis ótimos (Kang, 2016).

Você pode incentivar seu familiar a fazer pausas de 10 a 15 minutos a cada uma hora de estudo, aproveitando esse tempo para se alongar, tomar água ou fazer uma caminhada curta. Além disso, atividades relaxantes, como ouvir música calma ou praticar técnicas de meditação, podem ajudar a reduzir a tensão e melhorar o desempenho cognitivo.

2.4. Ofereça Apoio Logístico no Dia da Prova

O dia da prova pode ser estressante não só pela avaliação em si, mas também pela logística envolvida. Ofereça-se para ajudar com os preparativos práticos, como separar o material necessário (documento de identidade, canetas, lanche) e garantir que ele saiba o caminho até o local da prova. Planeje-se para garantir que ele chegue com antecedência, evitando qualquer tipo de imprevisto ou correria de última hora.

Outro ponto importante é evitar comentários negativos ou questionamentos excessivos sobre o conteúdo da prova no dia do exame. Deixe que ele mantenha o foco e a calma, sem pressões desnecessárias.

2.5. Reforce a Confiança e Autoconfiança

Às vezes, o que o estudante mais precisa é de um reforço positivo. Palavras de incentivo podem fazer uma grande diferença na forma como ele se sente antes da prova. Em vez de focar no resultado (“Você precisa passar”), tente reforçar o esforço e a dedicação que ele teve durante todo o processo de preparação (“Você fez o seu melhor, e isso já é um grande passo”).

A autoconfiança desempenha um papel crucial no desempenho em situações de alta pressão. Estudos indicam que pessoas com maior autoconfiança tendem a ter melhor desempenho em provas, já que a confiança ajuda a reduzir a ansiedade e aumenta a capacidade de acessar o conhecimento adquirido (Bandura, 1997). Por isso, foque em comentários que reforcem o valor do esforço e da preparação, em vez de resultados futuros incertos.

3. O Que Não Fazer: Evite Pressões e Comentários Inapropriados

3.1. Evite Comparações

Um dos erros mais comuns que os familiares cometem, muitas vezes sem perceber, é fazer comparações com outros estudantes ou familiares que já passaram pelo ENEM. Frases como “Seu primo já está tranquilo, passou em medicina no ano passado?” ou “Quando fulano fez o vestibular, ele não tirava a cara dos livros ” podem gerar uma pressão desnecessária e aumentar a ansiedade.

Cada pessoa tem seu próprio ritmo de preparação e seu próprio estilo de estudo. Comparações podem fazer o estudante se sentir inadequado ou insuficiente, afetando sua autoconfiança e seu bem-estar emocional.

3.2. Não Exija Perfeição

Outro erro comum é exigir perfeição do estudante. Frases como “Você precisa gabaritar tal prova para ter chance” ou “Você não pode errar nada na redação para não ser cortado” só aumentam a pressão, elevando os níveis de ansiedade. Ninguém é perfeito, e todos cometem erros, mesmo em situações importantes.

É fundamental que o estudante entenda que o esforço e a dedicação são mais importantes do que a busca por resultados perfeitos. A ideia de que o ENEM é a única oportunidade de sucesso na vida é um mito prejudicial, e lembrar o estudante de que existem outras opções é uma forma saudável de reduzir a pressão.

3.3. Evite Questionar o Tempo de Estudo

Se o estudante decidir tirar um tempo para descansar ou se desconectar dos estudos, evite questionar esse comportamento. Perguntas como “Você não deveria estar estudando agora?” ou “Tem certeza de que já revisou tudo?” só aumentam o estresse e a insegurança.

Muitas vezes, o próprio estudante já está consciente da importância da prova e das suas responsabilidades. Questionar sua rotina de estudos pode minar sua confiança e gerar dúvidas sobre sua capacidade de se preparar adequadamente.

3.4. Não Tente Ensinar Conteúdos da Prova

Se você não está diretamente envolvido na área de estudos que o estudante está revisando, evite tentar ensinar conteúdos ou revisar questões. Mesmo que você tenha boas intenções, é importante lembrar que ele já tem seus próprios métodos de estudo e está seguindo um plano. Interferir nesse processo pode gerar confusão ou distraí-lo.

Se ele pedir sua ajuda em um tema específico, esteja à disposição para apoiar, mas evite impor sua forma de resolver questões ou sugerir novos conteúdos nesta fase final. O foco deve ser reforçar o que já foi estudado, e não adicionar novas informações ou formas de abordagem.

3.5. Evite Comentários Negativos Sobre o Futuro

Por fim, evite fazer comentários que gerem ansiedade sobre o futuro, como “E se você não passar?” ou “Você já pensou no que vai fazer se der errado?”. Embora seja importante ter um plano B, o momento certo para pensar nisso não é na semana da prova. Fazer questionamentos sobre o que pode dar errado apenas aumenta a preocupação do estudante e interfere em sua capacidade de se concentrar.

O futuro será decidido no momento certo, e agora o foco deve ser na preparação emocional e prática para o dia do ENEM. Evitar conversas sobre o que pode dar errado ajuda o estudante a manter a confiança e o foco no presente.

4. Cuidado com a Alimentação e Sono

Uma forma prática de ajudar seu familiar é garantir que ele esteja cuidando da saúde física nos dias que antecedem a prova. A alimentação e o sono são fatores fundamentais para o bom desempenho cognitivo.

Garanta que ele esteja comendo de forma equilibrada, estudos mostram que dietas ricas em alguns nutrientes (procure um nutricionista para saber quais) podem melhorar a função cerebral e a concentração (Gómez-Pinilla, 2008).

Além disso, certifique-se de que ele está dormindo bem. A privação de sono afeta negativamente a memória e a capacidade de resolução de problemas, então ajude-o a manter uma rotina de sono regular na semana que antecede o exame (Diekelmann & Born, 2010).

Conclusão

Se você é familiar de alguém que vai fazer o ENEM, seu apoio pode fazer toda a diferença na preparação e no desempenho do estudante. Lembre-se de que o objetivo principal é ajudar a reduzir o estresse, promover a confiança e garantir que ele tenha o ambiente adequado para se concentrar nos estudos e descansar. Evite comparações, pressões excessivas e discussões sobre o futuro, focando em encorajá-lo e apoiar suas decisões.

Com uma abordagem de apoio emocional e prático, você pode contribuir para que seu familiar se sinta mais preparado e confiante no dia do exame, e isso pode ter um impacto significativo no resultado final.

  • Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. W.H. Freeman.
  • Diekelmann, S., & Born, J. (2010). The role of sleep in memory consolidation. Nature Reviews Neuroscience.
  • Gómez-Pinilla, F. (2008). Brain foods: The effects of nutrients on brain function and cognition. Nature Reviews Neuroscience.
  • Kang, S. H. (2016). Spaced repetition facilitates knowledge acquisition and retention. Learning & Memory.
  • Shaver, P. R., & Hunter, M. (2013). Emotional support at home improves students’ academic performance. Journal of Educational Psychology.
  • Vogel, S., Schwabe, L., & Wolf, O. T. (2016). Stress impairs retrieval of long-term memory. Psychoneuroendocrinology.

Referências

     

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