Introdução
A confiança é uma qualidade que muitos desejam, mas poucos sabem como desenvolver. Um dos conselhos mais comuns para quem quer se tornar mais confiante é “fingir até conseguir”. Este conceito, muitas vezes chamado de “fake it until you make it”, sugere que agir como se você fosse confiante pode, eventualmente, transformar-se em confiança real. Mas será que isso funciona de verdade? A ciência por trás dessa estratégia mostra resultados interessantes.
O que é o “fake it until you make it”?
O termo “fingir até conseguir” refere-se à ideia de que, ao agir como se você já tivesse a qualidade ou habilidade que deseja adquirir, seu comportamento e emoções gradualmente se alinham com essa nova realidade. Esse conceito está enraizado na psicologia comportamental e tem respaldo científico em estudos sobre confiança e comportamento.
Recentemente uma paciente me perguntou: como posso ser mais segura, pois não sinto isso e vejo todo mundo, inclusive tu, como pessoas muito seguras do que estão fazendo das suas vidas, das coisas que estão dizendo e de como estão fazendo tudo isso. Minha resposta a deixou chocada: FINJA!
A ciência por trás da confiança “fingida”
Estudos sugerem que a confiança pode realmente ser construída através de comportamentos imitados. Um estudo de Wichman et al. (2010) mostrou que quando as pessoas “duvidam de suas próprias dúvidas”, o nível de incerteza cai, resultando em maior confiança em suas ações (Wichman et al., 2010). Esse fenômeno demonstra como o cérebro pode ser “enganado” a sentir confiança por meio de ações deliberadas.
Além disso, Barron e Gravert (2018) encontraram evidências de que a confiança pode influenciar nossas decisões e ações em contextos de escolha, como no mercado de trabalho. Pessoas com aumento de confiança tendem a assumir mais riscos e enfrentar desafios com mais determinação, o que pode reforçar ainda mais a autoconfiança ao longo do tempo (Barron & Gravert, 2018).
Como a confiança afeta seu comportamento
Agir de maneira confiante, mesmo que inicialmente você esteja “fingindo”, pode trazer benefícios tangíveis. Moore (2021), em sua pesquisa sobre liderança, aponta que a confiança é essencial para o sucesso, mas alerta sobre os perigos do excesso de confiança, que pode prejudicar a preparação adequada e levar a decisões ruins. Ainda assim, a confiança moderada está fortemente associada a um desempenho superior em diversas áreas da vida (Moore, 2021).
Então, vamos olhar novamente o caso da minha paciente. A ciência do comportamento surgiu para investigar o como as pessoas aprendem qualquer coisa. Nesse caso, eu quero que ela aprenda a ser confiante, para isso eu preciso que ela emita o comportamento mesmo que insegura do como está a performance. Quando vamos fazer algo pela primeira vez é natural que fiquemos nervosos ou angustiados com a possibilidade de fazer errado, contudo é interessante que você finja a emoção confiança naquele momento, se errar irá aprender o que pode ser feito de melhor na próxima tentativa, se acertar abra um sorriso e me agradeça depois. De tanto repetir esse ciclo eventualmente você sentirá a confiança que desejava.
Como aplicar o “fake it until you make it” na sua vida
Agora que entendemos o fundamento científico do conceito, como podemos aplicar isso no dia a dia?
1. Postura e Linguagem Corporal: Adotar uma postura aberta e confiante pode ser o primeiro passo para transformar seus sentimentos. Estudos mostram que a linguagem corporal pode influenciar diretamente suas emoções, melhorando sua autoestima e confiança em interações sociais.
2. Ação antes da Confiança: Em vez de esperar até se sentir preparado, tente adotar a abordagem oposta — comece a agir como se estivesse confiante, mesmo que isso pareça desconfortável no início. Woodman et al. (2010) mostraram que, em situações de alto desempenho, um pequeno nível de dúvida pode até aumentar o esforço, o que acaba levando a uma maior confiança a longo prazo (Woodman et al., 2010).
3. Exposição Gradual: Pratique se colocar em situações que desafiem sua confiança. Quanto mais você se expõe a desafios, mais sua mente se ajusta e começa a ver essas situações como normais. Isso é comprovado em ambientes esportivos e de treinamento, onde atletas constroem confiança ao superar repetidamente pequenos obstáculos (Subramanyam, 2013).
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Conclusão
A confiança não é uma qualidade inata para todos. Ela pode ser construída, cultivada e aprimorada com o tempo. A prática de “fingir até conseguir” tem respaldo científico e pode ser uma ferramenta poderosa para desenvolver essa característica tão desejada. Ao agir como se você já fosse confiante, seu cérebro eventualmente se adapta, transformando o “fingimento” em realidade. Portanto, a dica é simples: finja, pratique e veja sua confiança crescer.
Richard Avila, psicólogo graduado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), mestre em ciências da saúde, com foco em epidemiologia clínica também pela UFCSPA. Também possui formação em terapia comportamental dialética (DBT) e Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) pela PUCRS.
ÁREAS DE ATUAÇÃO: psicologia clínica no tratamento de condições psicológicas de diversas gravidades e consultoria empresarial para equipes de médio e grande porte.
Referências
- Barron, K., & Gravert, C. (2018). *Confidence and career choices: An experiment*. CSN: Business (Topic).
- Moore, D. (2021). *Perfectly confident leadership*. California Management Review, 63, 58-69.
- Subramanyam, V. (2013). *Building self-confidence in athletes*.
- Wichman, A., Briñol, P., Petty, R., Rucker, D., Tormala, Z. L., & Weary, G. (2010). *Doubting one’s doubt: A formula for confidence?* Journal of Experimental Social Psychology, 46(2), 350-355.
- Woodman, T., Akehurst, S., Hardy, L., & Beattie, S. (2010). *Self-confidence and performance: A little self-doubt helps*. Psychology of Sport and Exercise, 11(6), 467-470.